Por uma mobilidade performativa
ElilsonEste livro é costurado por palavras, imagens, salivas, impressões digitais, intervalos, espaços em branco e outros indices de encontros; interligado por conjuntos precários de circunstâncias, escolhas, acasos, agenciamentos, acordos, negociações, afetos, pesos, volumes, moedas, deslizes e atritos - dentre outras propriedades e acontecimentos de palavras-e-corpos. Tenta preservar nas entrelinhas esbarros, ruídos, timbres, cacofonias, tintas e peles. peles. Pesa toneladas de ferro, concreto armado, gente, poeira e palavras. Balança, corre e freia. Faz inúmeras baldeações. Tem temperatura variante, de modo geral, entre 20 e 4o graus Celsius, múltiplas durações e um valor que se divide entre pagamento de tarifas metropolitanas, compra de materiais precário-relacionais, impressão e tiragem.
Seu conteúdo é cartografado pela descrição de ações performativas realizadas em ruas e transportes coletivos da cidade do Rio de Janeiro entre 2016 e 2017. As ações e proposições teóricas que integram este livro estão vinculadas à pesquisa de mestrado que desenvolvo no Programa de Pós-Graduaçãoem Artes da Cena da UFr), com orientação da professora Eleonora Fabião.
A abordagem central da pesquisa é a proposição e investigação de inter-relações entre arte da performance e mobilidade urbana. Assim, o conteúdo deste livro flerta, dentre outros aspectos, com o planejamento urbano da cidade do Rio de Janeiro e suas transformações, com iniciativas poéticas e poliíticas para praticar a circulação na cidade, com a experimentação dos transportes coletivos como espaços performativos, com a relação entre caminhada história e com o interesse pela concidadania.1